terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Pintura de cenários

Ao encerrar a apresentação, resolvi conferir de perto o cenário do palco. Um painel representando um muro de pedras chamou minha atenção pelos detalhes. Um lapso de tempo e acabei lembrando que eu mesmo havia pintado aquele painel como cenário para uma cantata de um coral, e que após o encerramento da turnê daquela cantata, havia sido doado ao Acampamento Moriah.

Entendendo a necessidade e a importância desse tipo de material, passei alguns dias no acampamento produzindo outros painéis de cenário, de acordo com sugestões do Rúben – um dos diretores do Moriah.  











E aí? Precisa de cenários?


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Apóstolos

Ao passar pela coletoria, constatou que Mateus estava mais para Júpiter do que para Jeová. Coletores sempre foram arrolados entre pecadores. Seria uma péssima escolha.
Poucos minutos observando Simão, o convenceram a não escolhê-lo. Além de iletrado, era de pavio curto demais. Judas, apegado mais às moedas do que ao Reino, não era digno de confiança. Uma rápida conferida nas postagens no face de Felipe revelou que nem este tinha o perfil adequado para ser um apóstolo, e assim, passou um WhatsApp pro Pai:


“Deu zica nos planos. Vamos ter que esperar o MEC reconhecer algumas faculdades de teologia para ter bons evangelistas por aqui. #borapracruz”

Árvore e a bíblia

Por algum tempo trabalhei no transporte de pessoas.
Havia uma rota pela qual eu passava semanalmente e decidi fotografar a sequência da primavera num trecho em área rural. O final não é bonito, mas a sequência ajuda a ilustrar a postagem.

Sempre gosto de comparar a leitura da Bíblia com o observar uma árvore.
A Palavra de Deus é viva e, por isso, o mesmo texto pode ter nuances diferentes em momentos diferentes. O Espírito Santo, inexplicavelmente, dá a tonalidade adequada ao momento do leitor, ou até mesmo não colorir nada relevante - naquele instante.
Uma árvore pode ser observada de vários ângulos e cada um deles apresentará uma forma diferente. Isso sem contar as diferentes estações do ano; do verde primavera ao ocre do outono ou mesmo a ausência das folhas, flores ou frutos.
O ápice da maioria das celebrações nos templos que tenho visitado tem sido o relato de como o pastor viu a árvore naquela semana. Zilhões de sermões não esgotam o assunto. Porque, então, não levar os fiéis diretamente à árvore para que a observem pessoalmente? Assim haveria tempo para o verdadeiro culto a Deus e para a verdadeira religião.

O que dizer então da discórdia em insistir que a árvore é apenas fonte de sombra ou tantas picuinhas doutrinárias que segmentam o Corpo de Cristo?

Faz de conta


Com recursos muito modestos na minha infância, brincar exigia imaginação em constante “faz-de-conta”. Certamente isso fomentou minha capacidade criativa resultando num saldo positivo.
Entretanto, a forma exacerbada que o brasileiro vive o fictício que inicia antes da própria história do país, não é brincadeira e compõe um cenário ilusório onde sempre alguém sai perdendo.
Os portugueses fizeram de conta que descobriram o Brasil por acaso – ou será que Pedro Álvares realmente era português e conseguiu errar tanto o rumo em sua navegação?
Professores fazem de conta que ensinam essa história.
Os alunos fazem de conta que aprendem.
A maioria dos políticos faz de conta que representa o povo em suas reivindicações.
O governo faz de conta que administra o estado com responsabilidade.
A polícia faz de conta que não sabe onde está o bandido.
O bandido faz de conta que é bem sucedido e eternamente impune.
O rico faz de conta que vive bem e feliz.
Os crentes fazem de conta que creem em Deus.
Os céticos fazem de conta que Deus não existe.
O presidente faz de conta que está presente.

O comércio faz de conta que papai noel é a figura principal do natal.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Gritos no Altar - 2



Essa é a segunda parte de um livro que mistura relatos de situações que presenciei em templos e as devidas sugestões para corrigir os problemas na comunicação constatados.


 Quando percebi que frequentar a igreja era, para mim, mais que um hábito formado em um lar cristão, eu já estava com mais de 12 anos. Com esta idade, achava engraçada a forma com que certos pregadores se expressavam, principalmente o tom de voz que usavam. E assim, por muito tempo, achei isso normal, ou parte dos costumes de determinadas denominações. Talvez, por morarmos em uma cidade interiorana, meus pais frequentavam cultos onde houvesse, sem se importar com a placa denominacional e assim aprendi ignorar as barreiras denominacionais. Até hoje não entendo por que elas existem. Apenas entendo que, se há diversidade de formas de culto, é porque também há diversos gostos e diversas formas de expressão. E não é apenas a forma de culto que eu gosto que seja necessariamente a que agrada a Deus.
Entretanto, com o passar do tempo, comecei a observar que há algo de errado em alguns sermões. O mais notável é a distância daquilo que o pregador fala, em relação à forma como ele vive. Quanto mais ele fala do que não pratica, menos se aproveita da prédica.
Em muitos casos, os políticos têm caído no descrédito pelo mesmo motivo. E para conseguirem convencer e enganar mais uma vez os seus eleitores usam de uma entonação exagerada para dar mais emoção e realismo aos seus discursos. Até hoje eu não descobri quem está copiando quem nessa forma característica de falar, semelhante a um locutor esportivo narrando uma partida de futebol e que usa um tom agudo de voz quando o lance está próximo do gol.
Entre perceber que há algo de errado na forma de falar usada nos púlpitos e conseguir mudar isso, encontrei algumas dificuldades:
1- Dificilmente um pastor aceita sugestões, por melhores que elas sejam. Em sua mente, é o pastor que deve dizer como as coisas devem funcionar e não as pessoas comuns orientarem o pastor.
2- Eu sou apenas uma voz de uma cidade do interior. Parece que o conteúdo deste livro* ainda não faz parte do currículo das inúmeras escolas de teologia que formam pregadores em todo o território nacional.
3- A grande maioria de aspirantes ao pastorado espelha-se em algum pregador que também já copiou gestos e entonação de outro pregador.
4- Aprender e usar nova metodologia requer empenho e devido a isso, alguns preferem ficar com os maus hábitos.


* - O conteúdo todo pode ser acessado no link
https://drive.google.com/file/d/0B3piYm8YEupYTFdURmlWT0NRRGs/view?usp=sharing

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Visita

Uma rápida espiada no minúsculo berço do neonatal já foi grandioso o suficiente. De encher os olhos.
Mais surpreendente foi o cara retribuir a visita.
Anunciou sua presença chamando insistentemente.
Dei tempo para que a mamãe também soubesse onde ele estava.
Aparentemente a mãe não estava preocupada – talvez por perceber que o filho estava em boa companhia.
Como todo pirralho que se preze, ao invés de usar o sofá, usou uma luminária para pousar.
(Puxa. Como não pensei nisso antes! O sofá custou uma fortuna...)
Preocupado com as preocupações inexistentes da mãe, resolvi leva-lo até a sacada e deixa-lo aos devidos cuidados maternos.
A grata oportunidade de sustentá-lo na ponta dos dedos foi inusitada. Fiquei imaginando que aquilo tinha toda uma estrutura fisiológica complexa, mas perfeita - que incrivelmente alguns creem ser obra do acaso!
A despedida foi tão rápida quanto o retorno.

Da sacada entrou pela janela para voltar à luminária e continuar piando.
Cheguei a entender nas entrelinhas:  - “Te enganei direitinho...”
Novamente minha alta preocupação - muito abaixo da tranquilidade da mamãe - me fez lembrar o mestre que disse: E quem der, mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, com toda a certeza vos afirmo que de modo algum perderá a sua recompensa.

Ele não tinha lá aparência ou credenciais de um discípulo. Mas sei lá. Preferi oferecer com hospitalidade, a água. Açucarada para garantir-lhe energia suficiente. Um copo iria afoga-lo. Optei por apenas algumas gotas.




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