sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Cinco talentos

Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens.
A um deu cinco talentos e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos logo saiu para aplicar e multiplicar o que recebera:
Estratégias para atividades, conhecimento musical, habilidade em artes plásticas, mecanismos para interação com jovens e ferramentas para incentivar o conhecimento na Palavra.
No primeiro estabelecimento foi recebido de bom grado, mas quando trouxe uma guitarra e uma bateria para acompanhar as músicas foi considerado inconveniente por estar usando instrumentos do diabo.
Em outro local, a repintura de letreiros e afrescos eram necessários. Mas ao apresentar o orçamento foi considerado insano. Mesmo assim, ele fez o trabalho sem nada receber, nem mesmo o material necessário para o serviço.
Uma terceira porta parecia ser ótimo investimento para deixar o amo contente com seus investimentos. Um cartaz anunciava: Dai e ser-vos-á dado boa medida. Pensando ser uma forma de multiplicar, esperou assentado enquanto o palestrante, semana após semana, repassava informações em outras áreas de atividades. Tudo muito útil, porém para sua angústia, continuava vendo do lado de fora, jovens se drogando e se prostituindo por falta de orientação. Bastava-lhe a comissão por parte do que deveria ser o seu superior. Mas seu talento com jovens não foi compreendido ali, nem multiplicado.
Por fim, encontrou um ser que entendeu que aquele servo tinha grande potencial. Imediatamente foi inscrito em um curso de liderança e logo estava incumbido de fazer alguns reparos na parte elétrica.
Sentiu-se tão ótimo quanto uma maca hospitalar usada para transportar tijolos para passearem pelo parque.
Em um ato de ousadia, adentrou em outro local oferecendo seus talentos num influente trabalho de artes plásticas. Trabalho necessário, pois o local carecia restauros naquela área.
O gerente, de forma desinteressada e desconfiada, relutou em sequer pegar o papel com o número do telefone para retornar a permissão para o trabalho, gratuito, caso os proprietários concordassem.

O tempo de peregrinação à procura do espaço oportuno para fazer multiplicar talentos recebidos, foi desgastando o ânimo e o seu vigor físico.

O amo o encontrou enterrado junto com os talentos. Depois de acordá-lo, viu que aquele era o terreno mais rico da cidade.
Junto com os talentos dados ao servo havia muitos tesouros.
Uma verdadeira mina subterrânea.

Incontáveis talentos, projetos e sonhos de outros vários servos estavam ali.  Tudo devidamente guardado em belas caixas estofadas de madeira, colocadas em espaços de alvenaria, tapados com pesadas placas de mármore. 

domingo, 5 de julho de 2015

Mentes podres


O Cara, muito folgado, preferiu ficar de boa na lagoa.
Não se importou com os que estavam aos seus cuidados e deixou eles mesmos irem providenciar alimento.
Pasmem. Ao meio dia já estava cansado!
Pra piorar tudo, dirigiu-se à uma mulher que veio ao poço buscar água.
Todos os líderes cristãos sabem perfeitamente que é inadequado a um homem abordar pessoas desse gênero.
Ainda mais por tratar-se de uma samaritana – uma mistura de raça apóstata de judeu com incrédulos. (Ô gente nojenta...)
Quando os outros voltaram, Ele já estava passando o xaveco:
“Esse que agora tá ficando com você, não é teu marido!”
E não é que a "cantada" rendeu?
Acabaram ficando dois dias em Samaria.

Mas onde fez poucos milagres mesmo, foi em sua própria cidade, onde pessoas se escandalizaram por ouvi-lO falar dentro da igreja.
Alguns que O seguiam, acreditaram no seu potencial. 
Mas houve unanimidade de opinão no quintal da maior autoridade nas Escrituras comprovando que algumas atitudes são questionáveis e é preferível não dar crédito ou oportunidade a esse tipo de líder.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Colher ou tolher

Colher é uma consequência daquilo que plantamos.
Fatores adversos podem intervir na colheita de forma a não obtermos o resultado pretendido.
Isso já foi ilustrado pelo mestre.
Mesmo na adversidade das britas, eu pude observar o crescimento de plantas entre trilhos durante minhas peregrinações na ferrovia.
O que fez as plantas brotarem ali?
O volume semeado.
Muitas sementes!
Mas o fruto colhido sempre será daquilo que semeamos.
Algumas plantas requerem cuidados e isso também foi comentado pelo mestre ao exemplificar a videira que precisa podas para ficar limpa e produzir mais.
A poda requer conhecimento e um profeta de nome Oséias alertou para a destruição de um povo por falta do conhecimento.
Uma planta podada excessivamente além de não produzir pode acabar secando. A falta da fotossíntese ou de ramos não fortalece e não havendo semeadura, não haverá colheita.
Quando usamos essa linha de pensamento na esfera espiritual, encontramos muito mais o tolher do que o colher. Bem diferente do princípio do cristianismo onde poucos versículos separam o chamado dos apóstolos ao envio para sua missão.
A enrolação para o envio atualmente passa por etapas como:
“Primeiro faremos a campanha das sete folhas da figueira, depois haverá a conferência da plenitude do enchimento,  e assim, estarão capacitados para o estudo teológico aprofundado das promessas misteriosas...”
Uma tênue forma de tolher sem colher.
Passei anos em templos sem presenciar o envio ordenado por Jesus: Ide por todo o mundo...
Tive a oportunidade de conversar com um sacerdote a respeito disso e ele com autoridade respondeu: Não aprecio pressão nem radicalismo!
Tolhidos, sem o envio, poucos anunciarão a mensagem da salvação.
Sem os mensageiros, ninguém ouvirá a mensagem.
Sem ouvir, ninguém mais acreditará.

Como alguém poderia invocar o nome do Senhor se não há quem creia nEle?

sábado, 20 de junho de 2015

Frio

Peregrinando na noite fria em Rio Negro (PR), um jovem de mangas de camisa me ofereceu sua blusa por R$ 7,00.
Evidente. Drogas.
Falei a ele de um Caminho melhor e quis encaminhá-lo a uma igreja cristã para que o vazio que o levou às drogas encontrasse a devida solução.
Conheço praticamente todas as igrejas de Mafra (SC) e de Rio Negro e numa rápida varredura, não consegui sugerir à ele, qual igreja buscar.
A comunidade evangélica L não seria adequada, pois lá o pastor é um teólogo político que conduz os membros contribuintes com diplomacia. Prioridade aos mais abastados. Mas não entende nada de jovens.  Não se interessaria num viciado.
As igrejas Q, fechadas aos sábados à noite. Chegaram ao limite das quatro paredes e dois eventos semanais. Uma delas ainda tem espaço, mas é de propriedade particular do pastor. Ele manda lá e só tem oportunidade quem o bajula. O próprio filho do pastor é usuário de drogas.
As igrejas B estavam abertas com a mesma meia dúzia de gatos pingados de 30 anos atrás. Ovelhas que não geram mais ovelhas. Estéreis.
A igreja M é comandada por dois clãs: O que é aprovado por uma das famílias, a outra veta. E assim nunca sai nada e nem entra nada. Os cuidados canônicos não suportariam um sujeito com esse perfil. Igualmente a B Renovada só tem um clã e ninguém mais tem oportunidades lá. Muito menos um usuário de drogas.
Algumas pentecostais fazem tanto estardalhaço falando em línguas e mistérios que o jovem ao participar do culto talvez imaginasse ter encontrado uma comunidade de uso coletivo da pedra. Sairia de lá sem entender nada. E de fato não dá pra entender isso.
Na comunidade A, vi um cristão de renome entrar num culto para tirar de lá um dependente para “tirar satisfações”. O fato resultou na morte do dependente, lamentavelmente.
As igrejas C e W talvez teriam alguém com autoridade para expulsar demônios. Mas algumas atitudes são sugeridas pelo diabo e a dependência química não é exatamente um demônio.

Ontem ainda o Luis me falou: Não acredito num homem falando – referindo-se às igrejas.
Ele está errado?
Realmente a definição bíblica de igreja é mais do que ouvintes gessados à cadeiras de plástico.

Mesmo desempregado, dei ao jovem dez reais, lembrando o que eu ouvi de um amigo: Dá a quem te pedir.
Além do dinheiro, dei um abraço no rapaz para expressar que Alguém ainda se importa com ele.
Ao virar a esquina me dei conta. Não perguntei o nome do jovem.
Mas lembro dele afastando-se rapidamente e colocando a blusa de R$ 7,00 para aplacar o frio riomafrense.
Lamentei não ter blusas para a frieza espiritual.







domingo, 14 de junho de 2015

Outra história de amor

CHURRASCO NOSSO DE CADA DIA



Casou com a gaúcha na certeza do gosto de saborear diariamente um bom churrasco.
Nenhum dos dois, porém, possuía experiência na arte sacra ritual do assado. Mas com o casamento, o acordo da cooperação mútua para manter a tradição e o gosto culinário;
Ele compraria a carne e cuidaria ao assar, enquanto ela proveria o sal e o combustível para a churrasqueira.
O primeiro dia, o gaúcho estufou o peito e começou assoprar para atiçar o fogo. Horas depois foi encontrado dependurado pela cintura na churrasqueira, assoprando apenas pelos fundilhos da bombacha e babando sobre o que deveria ser o carvão. A picanha foi engolida ensanguentada como um peão capturado “em passant” no lance de número 298 de um jogo de xadrez.
A euforia do segundo dia, regado à chimarrão, foi uma festa. Mas o fogo não estava eufórico...
Depois de diversas tentativas frustradas usando jornais e pequenos gravetos para iniciar o fogo, usaram álcool. As labaredas altas carbonizaram o exterior do churrasco e mantiveram o interior cru.
E assim foi o segundo dia e ninguém reclamou de nada. Afinal de contas, eram novatos.
O chimarrão já estava prá lá de lavado no terceiro dia e as brasas ainda se negavam a ajudar. Com muito jornal para iniciar o fogo, uma nuvem de fumaça dançou um eterno repertório de milongas do Borghetti ao redor da carne, mas sem aquecer. Cansados e famintos, ficou como “mal passado” mesmo. Poderia ser defumado. De qualquer forma o sabor estava desfigurado pela fumaça e mascarado pela fome.
Para garantir o quarto dia, o fogo foi iniciado com mais de duas horas de antecedência, e quase deu certo. De tanto abanar o fogo e tentar deixar o churrasco no ponto, o marido dormiu na hora de almoçar, vencido pelo cansaço. Talvez o tempero até estivesse no ponto...
O mesmo se repetiu no quinto dia e para prevenir, uma térmica de café além de duas de água de chimarrão para manter o marido acordado. Mas com tanta água no bucho, não havia mais espaço para a carne e limitou-se a um pequeno naco.
Insuficiente para concluir se estava bom ou ruim.
Na segunda semana o desânimo tirou o sabor e a euforia. Mas havia o compromisso do legado dos pampas a honrar.
Na terceira semana intercalaram dias de descanso sem carne. Apenas o chimarrão.
No segundo mês, já corrompido o honroso compromisso gaudério, adulterado com um franguinho básico, as lamentações da esposa elucidaram a situação.
 - Procurei economizar. Todo o dia eu levantava cedo, pegava o machado e cortava uma árvore fresquinha para fazer a lenha para nós...
Já dizia uma frase de para-choque de caminhão; “Lenha verde e viúva choram muito antes de pegar fogo”. (Isso só entenderão os que tem experiência em fogueira com lenha úmida de seiva)
Mesmo com a melhor das intenções, lenha verde não assa churrasco.
E assim, a vaca foi pro brejo e o frango pra panela.
À esposa, os louros da solicitude em levantar cedo e provisionar com economia.
Ao marido, o rótulo de péssimo assador e traidor das tradições pampeiras.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Uma história de amor

A cronologia é relativa conforme as circunstâncias impondo restrições aos historiadores.
Entre a fé convincente no Carmelo e a angústia na caverna, o cronista não ousou informar quanto tempo passou. Talvez muitos anos de silêncio de Deus tenham silenciado Elias.
De fato, não haveria livros o suficiente para descrever detalhadamente os relatos bíblicos.
Ainda mais quando a longevidade beirava a um milênio.
Seria muito difícil transcrever integralmente o diálogo no Éden incluindo as prováveis conjecturas.  
Na forma que temos para leitura aparenta ser um ataque de poucos minutos, com uma rápida vitória dos argumentos apresentados pela serpente.
É claro que ambos estavam cientes das consequências, e assim, dificilmente a desobediência da mulher ocorreu na velocidade que lemos o trecho.
Ela desobedeceu sem pestanejar?
Horas, dias ou talvez anos tenham sido empreendidos por satanás nessa empreitada até lograr êxito.
Como ainda não havia o conhecimento do bem e do mal, seria ilógico afirmar que Eva preferiu a morte a continuar com Adão pelo motivo de alguma discórdia.
Nenhum dos dois conhecia o significado da morte prenunciada por Deus por comer o fruto.
Mas sabiam da advertência divina.
Adão, portanto precisou optar entre o ruim ou o pior ante a oferta do fruto pela própria mulher: Manter a obediência a Deus e sua vida paradisíaca sozinho ou compactuar com a desobediência da mulher para ficar ao lado dela.
Analisando o ocorrido por dessa forma, concluo que esta é a maior história de amor entre um homem e uma mulher nas entrelinhas das histórias bíblicas.

E considerando as perdas, de toda a história da humanidade.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A fuga do Inútil


As coisas não estavam muito boas na casa do patrão. Sua nova ideologia, apesar da nova atitude de bondade e mansidão, era preocupante. 
Além de ignorar a força dos espíritos ao redor, desconsiderava os favores dos deuses. Ainda mais. Havia notícias de que alguns adeptos dos ensinos trazidos por Epafras estavam sendo trancafiados.
A condição de escravo nunca é desejável. Nem a vulnerabilidade. E assim, preferiu desaparecer.
E pra não dar mole nos arredores, usou o que havia poupado no intento de comprar sua alforria e fugiu.
Deu no pé.
Deitou o cabelo.  
Se escafedeu.
Fez um risco.
Carpiu o gato.
Muitas as expressões e muitas são as direções. Alguns para as drogas, outros para os eletrônicos, hobbies, suicídio ou como Elias para uma caverna.
Mas ele preferiu ir para onde as coisas estavam acontecendo.
Roma!
O centro do império e do poder, mas onde nem tudo pode ser feito.
Entre os feitos e o imperfeito o infortúnio dos sonhos desfeitos em conceitos de direitos do centúrio.
Trancafiado entre os indesejados, uma mente brilhante iluminou seus obscuros intuitos. Algum tempo de contato permitiram entender aquilo que Epafras e depois o amo absorveram.
Havia sentido, lógica, simplicidade e atitude.
Havia vida. E vida exuberante.
Trancafiado pelas grades, porém livre de leis rituais, o judeu escrevia com dificuldade, mas com grande diligência, orientações concisas como que ditadas pelo próprio espírito do nazareno que o havia chamado.
Aquelas palavras eram vivas.
E infectado por essa vida, tomou o caminho de volta.
Um regresso com sentido e motivo acompanhado de um novo amigo-irmão.
Tíquico exalava o bom perfume da sensatez e dava o toque de alegria no mesmo Caminho. E além de cartas, levava a esperança de ser o substituto de Tito em Creta, contando durante a viagem a aventura de acompanhar o judeu da Macedônia até Jerusalém.
A volta ao amo não era definitivamente o plano original.
Mas agora havia algo mais. Um valor maior.
E entregando a carta que o judeu escrevera ouviu logo o amo iniciar a leitura:

“Paulo, prisioneiro por anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, e da parte do irmão Timóteo, a você, Filemom...”

sábado, 30 de maio de 2015

Quero-quero



Com a diminuição das áreas de matas, os pássaros cada vez mais tem se aproximado dos centros urbanos.
Sem predadores – especialmente os humanos – algumas espécies 
têm proliferado assustadoramente. De forma emblemática, o 
Quero-Quero (Vanellus chilensis) vem ocupando espaços públicos 
proporcionalmente ao crescimento da ganância egoísta na 
espécie humana. Uma realidade antagônica ao prenunciado pelos 
adeptos da nova era – Aquarius – cuja música alardeava;
Harmonia e compreensão
A simpatia e confiança em abundância
Nenhuma falsidade ou escárnio...”
Alguma coisa está errada. E não é o nome do pássaro, que, aliás, não convém ser usado como símbolo da corrupção e desafeto, sob o risco de associar pejorativamente o animal cujo piado apenas lembra o termo preferido dos egoístas.
(Às vezes “não quero!” expressa igualmente um desejo egoísta)
Se a definição da data de início dessa nova era é um festival de palpites, igualmente é inapropriada a esperança de que seremos mais iluminados, pois os jornais apresentam manchetes cada dia mais negras. Há quem diga que isso é a forma de liquidar o carma que precisa ser queimado para que os mortais atinjam a quarta dimensão.
Construir um universo??? Quando olhamos ao nosso redor vemos apenas destruição causada pela pelas atividades antrópicas.
Infortunadamente muitas pessoas tem desviado a atenção de informações simples, considerando-as ultrapassadas e incômodas, mencionadas na bíblia. Inconvenientes para uns, porém realidade para todos.

Qualquer teoria, dispositivo, modismo ou consumismo são válidos para não querer pensar em Deus de onde viemos e para onde vamos.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Palma













Cactus cochenilliferus


Depois de trepar até a forquilha do cambará, o menino analisou a forma de construir sua casa na árvore, usando materiais que não fossem proibidos pelos pais.
Não um desses meninos de hoje que não conhece cheiro de bosta de vaca ou nunca viu galinha botar ovo.
Sem internet, TV, celulares ou vídeo games, o brincar lhe ensinou lições valiosas não encontráveis pelos algoritmos do google.
A palma (Cactus cochenilliferus) ao lado ao lado do cambará não era imperceptível. 
Apesar de ter alguns frutos adocicados, espetava seus espinhos em qualquer descuido ao passar.
Descuido mesmo foi cair de bicicleta contra outro cacto ornamental e assim, logo cedo o menino aprendeu: por mais que gostasse da natureza, abraçar um cacto não é boa ideia.
 Urtigas, plantas que produzem pólen causador de alergias ou outros elementos espinhentos da flora são semelhantes à índole diversa de alguns humanos. Mesmo entre aqueles que conhecem galinhas ou vacas, alguns preferem ser vistos à distância. Eventualmente oferecer frutos adocicados.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

O fim das coisas

A ansiedade pelo novo alimenta a cadeia comercial desenfreada.
A busca pelo novo já é coisa velha. Mas quando puxada pelos apelos da mídia comercial e empurrada para tapar rombos financeiros gerados por necessidade de novos dispositivos, despenca num abismo numa velocidade friamente calculada que a ganância inconsequente chama de obsolescência programada.


Não bastasse o descarte excessivo de produtos, os seres humanos entraram nesse mesmo ciclo acelerado.
A constante necessidade de se “reciclar” tomou apenas o corpo material, desconsiderando a consciência. E mesmo com os devidos cuidados em adequar-se às novas exigências da era tecnológica, recuar no prazo de validade é impossível. E o mercado de trabalho – já debilitado pela aceleração do sistema – deixa de oportunizar espaço para quem está obsoleto conforme a data de nascimento constante em seus documentos.
Universitários recém-formados transpiram orgulhosamente o novo aroma do conhecimento, porém desprovidos de qualquer experiência, rapidamente expõe sua fétida imaturidade na proporção que atropelam o saber prático daqueles que lhe ofertaram a estrutura necessária.

Assim, pelo excesso de velocidade ninguém mais percebe que ruma para a invisibilidade.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Clareira


O biólogo apresentava aos monitores seus conhecimentos de forma convincente, apontando durante uma caminhada na trilha, as características da mata nativa no Acampamento Moriah.
Uma das observações foi uma clareira, que segundo ele, ocorreu naturalmente quando uma grande árvore tombou por idade avançada e após sua decomposição deu lugar ao sol para outras menores, agora em franco desenvolvimento.

Na floresta de oportunidades que pude observar durante as trilhas da minha vida, lamentei ver muitos líderes abafando seus discípulos, negando-lhes lugar ao sol, como a reafirmar constantemente: “Teu tempo e talento são meus!”
 Iniciativa, dons, criatividade, habilidades inerentes e particulares colocados em eterno banho-maria, como a temer que, em algum momento, o novato exiba exuberância em seus atos ou ideias de forma a sobrepujar sua experiência. E isso no ambiente igreja!
Convém lembrar que, mesmo devidamente radicados, temos em nossos relacionamentos a mobilidade e, portanto, possibilidade de abrir espaço, seja para a criatividade ou apenas o exercício do nosso legado cultural, sem que isso represente, necessariamente, eutanásia passiva.
Fazer discípulos é ordem bem conhecida – mas poucos ousam a prática.

Criar oportunidades vai além – é treinar para a semeadura e dizer: “Vai que o campo é teu!”
Em consequência da insegurança, há décadas não vejo líderes exercerem o envio de pessoas ao anúncio da Boa Nova.  

terça-feira, 10 de março de 2015

Arte à venda

Após muitos anos longe da pintura em telas, algumas encomendas aqui já apresentadas como  http://0110peregrino.blogspot.com.br/2014/09/arte-por-encomenda.html  e http://0110peregrino.blogspot.com.br/2014/10/arte-por-encomenda2.html me colocaram no embalo do óleo sobre tela.
Mantendo o estilo de pinceladas verticais e com intuito comercial de valores entre 250 e 600 dólares, reproduzi cenas do litoral – especificamente de Matinhos – PR e adjacências.

Os valores não incluem molduras – que na minha opinião devem compor com o ambiente em que serão inseridos – nem despesas de envio.





Alvorada Dourada - 30 x 60cm










Atlântico - 50 x 70cm










Chega por hoje - 40 x 80cm












Barcos e garça - Conjunto de 2 peças de 20 x 50cm










Batera no rio - 70 x 50cm








Pesqueiros - 70 x 50cm









Escuna no Guaraguaçu - 50 x 70cm










Pier Guaratuba - 70 x 50cm








Escuna no Guaraguaçu II - 120 x 80cm










E ainda em fase de conclusão




Pico de Matinhos - 120 x 80cm
sugerindo o momento à beira-mar próximo ao local com esse nome.







Curiosidades:
1 - Pinceladas verticais - com pincel relativamente fino - foi opção de estilo para caracterizar especificamente meus trabalhos de óleo sobre tela. Esse estilo traz restrições de efeitos gradientes ou temas que apresentem linhas de objetos na horizontal.
2 - Por ter um certo grau de daltonismo, dependo do rótulo da embalagem quanto às cores. Misturas são feitas com base na teoria.
Quando jovem, em um momento de férias nos trabalhos de pintura, as traças entraram na minha caixa de tintas e almoçaram as etiquetas... Tive que jogar tudo fora.
3 - O aroma do óleo usado na pintura me é agradável pois remete à criação - algo do divino. Entretanto o tempo de secagem é bem longo, mesmo usando secante de cobalto adicionado à tinta.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O Corpo

Por motivos óbvios, na segunda-feira o duodeno resolveu fechar as portas. Afinal de contas, trabalhou intensamente no sábado à noite e no domingo. Nada mais justo do que uma folga.
Como todos os templos duodenianos, ainda teria uma reunião de diretoria na terça-feira à noite e reunião das células na quarta-feira.
Nesse momento, a vesícula percebeu a aproximação de uma porção gordurosa e se contraiu expelindo a bile pelo ministério do colédoco.
Como não havia recepção pelo duodeno, o colédoco resolveu entregar a bile diretamente aos cuidados do estômago para antecipar as coisas. Mas a reação do estômago foi raivosa.
- Isso lá é coisa que se faça? Tá jogando contra o time agora? Ordem e decência são a serventia da casa!
Desgostoso com a situação o estômago resolveu, em reunião do concílio, impor disciplina e excluir tudo aquilo.
- Se essa desgraça veio por um caminho, por sete fugirá!
Mas só havia o caminho do esôfago.
E lá se foi a bile, a gordura, o feijão e o arroz rumo ao céu.
A língua, por não ter papas na língua, com autoridade episcopal soltou o verbo ao sentir o fel:
- Eca! Vocês aí em baixo só podem estar podres. Não é à toa que estou acima de vocês. Os meus pensamentos são mais altos que os vossos pensamentos!
E vomitou.
E com o feijão, o arroz e a gordura jogados corpo afora por nítidos motivos heréticos, o intestino não teve nada a oferecer para a corrente sanguínea causando letargia nos músculos. O pulmão precisou diminuir sua cota de trabalho e assim também menos oxigênio pode ser levado ao cérebro e todo o restante do corpo...

E se as diferentes denominações cristãs – mesmo com suas diferentes características – agissem como o Corpo de Cristo?


Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
I Coríntios 12:12

domingo, 25 de janeiro de 2015

Ré visão

Acabo de assistir a um programa na TV no qual o patrocinador exibe um cartaz com as palavras ROBUSTES E QUALIDADE.
Uma rápida análise:
- O gráfico que produziu o cartaz errou ao não revisar ou por não saber;
- O agente de publicidade da empresa aceitou o cartaz com o erro, ou simplesmente barganhou um desconto pelo erro e deixou assim mesmo... (Talvez ele mesmo tenha escrito errado e enviado ao arte-finalista)
- O produtor do programa não percebeu o erro, ou não era culto o suficiente para resolver a situação de outra forma.
- O cinegrafista que filmou o cartaz não percebeu o erro ou ficou quieto para não perder o emprego por comentar.
- O editor de imagens não deu a devida atenção ao seu trabalho, ou também não sabia que robustez termina com a letra Z.
- O diretor do programa superestimou a equipe de trabalho, mesmo sabendo das condições do ensino brasileiro, e não solicitou revisão.
- O próprio corretor do word não acusou erro quando escrevi errado no início do texto!

Não me preocupo com a falta de compreensão no caso do comercial da TV. Nem com a nova reforma ortográfica que mais complicou do que resolveu.
Fico imaginando o que as pessoas de fato compreendem naquilo que é vital. Seja a nós ou aos outros – e por extensão, o universo.
Começo a entender os motivos da intolerância, ceticismo e dos desvios severos de conduta, pois a falta de cultura ao ler o Manual da Vida compromete sua compreensão e consequentemente a aplicação dos princípios ali apresentados – por mais simples que sejam.
A falta de revisão naquilo que nos foi apresentado – por vezes de forma inapropriada – desestimula um rever conceitos que derivam preconceitos. Regressão.

Não é de admirar que em uma congregação alguns fiéis evitassem o futebol porque em vários lugares no novo testamento o pregador leu: PARA A BOLA... 

sábado, 24 de janeiro de 2015

Afrescos

Ao entregar uma arte-final - um cartaz todo desenhado à mão, e que seria fotografado para duplicação em gráfica – a madre superiora do colégio que contratara o serviço, olhando para o trabalho em suas mãos, perguntou-me qual instrumento musical eu tocava.
Obviamente fiquei surpreso com a pergunta, mas entendi que arte sempre está atrelada como um todo no comando cerebral.
Uma das minhas inspirações para usar o pincel diretamente em paredes foi o observar todos os domingos um versículo escrito no arco superior do altar da igreja que eu frequentava. As letras num tipo romano e com serifas bem desenhadas me fascinavam. Eu ficava imaginando quem as pintara. Talvez prenúncio que alguns anos mais tarde eu estaria no topo da escada pintando essas mesmas letras, em consequência de uma reforma feita nesse templo. Também fui contratado para realizar pinturas em paredes em outras igrejas.
Os primeiros ensaios com afrescos foram em minha casa.


E aí?  Precisando desse tipo de trabalho?


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Quem atirou primeiro?


Poucos instantes de reflexão me levaram a tomar posição junto com os terroristas no caso do massacre do Charlie Hebdo.
Não pela forma que usaram, mas em sua firmeza em defesa aos valores morais.
Não apenas o profeta Maomé foi alvejado e, portanto, não convém ao mundo desejar vida longa e bem sucedida a quem, literalmente, zoou Deus* e todo o mundo.
Sou desenhista e já contribui com charges em diversos jornais brasileiros como colaborador do jornalista Archibaldo Figueira, além de outros eventuais. Entendo perfeitamente o valor da arte e do humor.

Entendo, sobretudo, o valor dos ensinamentos dos líderes religiosos afrontados. 
Se não há respeito por pessoas que ensinam a respeitar ao próximo, então as primeiras balas na forma de lápis já foram disparadas e a liberdade de imprensa tão aguerridamente defendida na mídia que veicula o ato terrorista, em nada, de fato, contribuiu para o bem da humanidade.


(* - Qualquer site de pesquisa apresenta o deboche explícito citado acima)

   






    Não se enganem: ninguém zomba de Deus.
    O que uma pessoa plantar, é isso que colherá.
    (Gálatas 6:7)
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