quarta-feira, 15 de abril de 2015

Palma













Cactus cochenilliferus


Depois de trepar até a forquilha do cambará, o menino analisou a forma de construir sua casa na árvore, usando materiais que não fossem proibidos pelos pais.
Não um desses meninos de hoje que não conhece cheiro de bosta de vaca ou nunca viu galinha botar ovo.
Sem internet, TV, celulares ou vídeo games, o brincar lhe ensinou lições valiosas não encontráveis pelos algoritmos do google.
A palma (Cactus cochenilliferus) ao lado ao lado do cambará não era imperceptível. 
Apesar de ter alguns frutos adocicados, espetava seus espinhos em qualquer descuido ao passar.
Descuido mesmo foi cair de bicicleta contra outro cacto ornamental e assim, logo cedo o menino aprendeu: por mais que gostasse da natureza, abraçar um cacto não é boa ideia.
 Urtigas, plantas que produzem pólen causador de alergias ou outros elementos espinhentos da flora são semelhantes à índole diversa de alguns humanos. Mesmo entre aqueles que conhecem galinhas ou vacas, alguns preferem ser vistos à distância. Eventualmente oferecer frutos adocicados.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

O fim das coisas

A ansiedade pelo novo alimenta a cadeia comercial desenfreada.
A busca pelo novo já é coisa velha. Mas quando puxada pelos apelos da mídia comercial e empurrada para tapar rombos financeiros gerados por necessidade de novos dispositivos, despenca num abismo numa velocidade friamente calculada que a ganância inconsequente chama de obsolescência programada.


Não bastasse o descarte excessivo de produtos, os seres humanos entraram nesse mesmo ciclo acelerado.
A constante necessidade de se “reciclar” tomou apenas o corpo material, desconsiderando a consciência. E mesmo com os devidos cuidados em adequar-se às novas exigências da era tecnológica, recuar no prazo de validade é impossível. E o mercado de trabalho – já debilitado pela aceleração do sistema – deixa de oportunizar espaço para quem está obsoleto conforme a data de nascimento constante em seus documentos.
Universitários recém-formados transpiram orgulhosamente o novo aroma do conhecimento, porém desprovidos de qualquer experiência, rapidamente expõe sua fétida imaturidade na proporção que atropelam o saber prático daqueles que lhe ofertaram a estrutura necessária.

Assim, pelo excesso de velocidade ninguém mais percebe que ruma para a invisibilidade.
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