Peregrinando
na noite fria em Rio Negro (PR), um jovem de mangas de camisa me ofereceu sua
blusa por R$ 7,00.
Evidente.
Drogas.
Falei a
ele de um Caminho melhor e quis encaminhá-lo a uma igreja cristã para que o
vazio que o levou às drogas encontrasse a devida solução.
Conheço
praticamente todas as igrejas de Mafra (SC) e de Rio Negro e numa rápida
varredura, não consegui sugerir à ele, qual igreja buscar.
A
comunidade evangélica L não seria adequada, pois lá o pastor é um teólogo
político que conduz os membros contribuintes com diplomacia. Prioridade aos
mais abastados. Mas não entende nada de jovens.
Não se interessaria num viciado.
As
igrejas Q, fechadas aos sábados à noite. Chegaram ao limite das quatro paredes
e dois eventos semanais. Uma delas ainda tem espaço, mas é de propriedade
particular do pastor. Ele manda lá e só tem oportunidade quem o bajula. O
próprio filho do pastor é usuário de drogas.
As
igrejas B estavam abertas com a mesma meia dúzia de gatos pingados de 30 anos
atrás. Ovelhas que não geram mais ovelhas. Estéreis.
A igreja
M é comandada por dois clãs: O que é aprovado por uma das famílias, a outra
veta. E assim nunca sai nada e nem entra nada. Os cuidados canônicos não
suportariam um sujeito com esse perfil. Igualmente a B Renovada só tem um clã e
ninguém mais tem oportunidades lá. Muito menos um usuário de drogas.
Algumas
pentecostais fazem tanto estardalhaço falando em línguas e mistérios que o
jovem ao participar do culto talvez imaginasse ter encontrado uma comunidade de
uso coletivo da pedra. Sairia de lá sem entender nada. E de fato não dá pra
entender isso.
Na
comunidade A, vi um cristão de renome entrar num culto para tirar de lá um
dependente para “tirar satisfações”. O fato resultou na morte do dependente, lamentavelmente.
As
igrejas C e W talvez teriam alguém com autoridade para expulsar demônios. Mas
algumas atitudes são sugeridas pelo diabo e a dependência química não é
exatamente um demônio.
Ontem
ainda o Luis me falou: Não acredito num homem falando – referindo-se às
igrejas.
Ele está
errado?
Realmente
a definição bíblica de igreja é mais do que ouvintes gessados à cadeiras de
plástico.
Mesmo desempregado,
dei ao jovem dez reais, lembrando o que eu ouvi de um amigo: Dá a quem te
pedir.
Além do
dinheiro, dei um abraço no rapaz para expressar que Alguém ainda se importa com
ele.
Ao virar
a esquina me dei conta. Não perguntei o nome do jovem.
Mas lembro
dele afastando-se rapidamente e colocando a blusa de R$ 7,00 para aplacar o
frio riomafrense.
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